sábado, 26 de fevereiro de 2011

ELEIÇÕES

É BOM PARA QUEM, ABORTAR A LEGISLATURA ?


Por muito que queira deixar a imagem de segurança de quem sabe bem o
que quer e para onde vai, muita coisa soa a falso no nosso líder da
Oposição, que oxalá o futuro não confirme sofrer da síndrome de
Cristóvão Colombo: quando partiu, não sabia para onde ia; quando
chegou, não sabia onde estava.


De facto, bem pode o jovem político apregoar não querer ir com muita
sede ao pote, que as pressões que vem sofrendo do interior do Partido
potenciam tais incoerências que deixam muitas dúvidas quanto ao que
acham mais importante: satisfazer já a sede de poder ou defender o
interesse nacional ?


Saber o momento certo para derrubar o Governo, eis o drama que vivem
os sequiosos de poder. Nem cedo de mais que provoque curto-circuito em
programas que apadrinharam e estão a resultar; nem demasiado tarde que
permita a Sócrates subir do inferno, como já alertou o divertido prof.
Marcelo…


GÓRGIAS

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

ANTÓNIO FEIJÓ

RECORDANDO ANTÓNIO FEIJÓ


Ponte de Lima 1859
Estocolmo 1917

Formado em Direito por Coimbra, exerceu advocacia por algum tempo, até
se virar em definitivo para a carreira diplomática.
Começou pelo Brasil, onde ocupou vários postos e foi admitido sócio da
Academia Brasileira de Letras.
Do Brasil passou para a Suécia, onde se manteve por mais de vinte
anos, tendo sido elevado à categoria de ministro plenipotenciário.
Casou aí com uma sueca, que morreu prematuramente, deixando-o de tal
forma desfeito que pouco tempo lhe sobreviveu.
Uma dezena de anos depois da morte, os seus restos e os da sua mulher
foram transladados para o cemitério de Ponte de Lima.
No túmulo em que descansam pode ler-se esta inscrição:
O amor os juntou e nem a morte os separou.

Nascido no exuberante Minho, amigo da boa comida da região, é fácil
perceber que só o dever e um grande amor puderam segurá-lo tanto tempo
no inóspito clima do Norte da Europa, que descrevia em poemas assim:

Terras do Norte, meu longínquo exílio!
Águas tranquilas, pinheirais, rochedos…
Por estes bosques nunca andou Virgílio,
Nem melros cantam nestes arvoredos…

Terras do Norte, meu longínquo exílio…

Lagos sem fim; desertos sem miragem;
Mares sem ondas na toalha azul;
Nem uma ave de auroreal plumagem,
Nem uma planta que recorde o Sul!

Lagos sem fim, desertos sem miragem…

Longos ocasos de esvaídas cores,
Na paz discreta em que as paisagens morrem,
Nem choram fontes nos jardins sem flores
Nem voam aves nem as águas correm.

Longos ocasos de esvaídas cores…

O azul do céu é desmaiado e frio;
O azul dos olhos sem fulgor latente;
Doira os cabelos este sol de estio
Mas não aquece o coração da gente…

O azul do céu é desmaiado e frio…

CASTELO EM RUINAS
Meu triste coração, como um castelo antigo,
Que a legenda vestiu de espectros e visões,
A lembrança do tempo em que sonhou contigo,
Sustenta-o como a era às velhas construções
Meu triste coração, como um castelo antigo…

De noite, quando o orvalho os lírios humedece,
Como se a lua andasse e os astros a chorar,
Nas sombras da ruína afirmam que aparece
Uma estranha visão de alvura singular,
De noite, quando o orvalho os lírios humedece.

Semelhante à visão que no castelo existe,
Também no coração, rasgado pela dor,
Eu sinto perpassar, no seu sudário triste,
O espectro sepulcral do meu perdido Amor,
Semelhante à visão que no castelo existe…

INVERNO
Noite profunda, noite impossível!
O alvor da neve cobrindo tudo,
Torna o silêncio quase visível…
O alvor da neve cobrindo tudo.
São como espectros
de coisas mortas
As grandes sombras
dos arvoredos…
São como espectros
de coisas mortas,
Lentos, dizendo
graves segredos.
Noite profunda, céu sem estrelas,
Só na minha alma soluça o vento,
Só na minha alma rugem procelas,
Só na minha alma soluça o vento!
E a neve rola
continuamente,
Na sua imensa desolação;
E a neve rola
continuamente,
Mas cai-me toda
no coração.
A noite imensa tudo escurece,
Mas os meus olhos, da terra estranha,
Voam às praias que o sol aquece,
Às praias de oiro que o Tejo banha!
Ó meus
amigos, quando eu morrer
Levai meu
corpo despedaçado,
Para que eu
possa, já sem sofrer,
Dormir na
Morte mais descansado!


Nasci à beira do Rio Lima,
Rio saudoso, todo cristal;
Daí a angústia que me vitima,
Daí deriva todo o meu mal.
É que nas terras
que tenho visto,
Por toda a parte
por onde andei,
Nunca achei nada
mais imprevisto,
Terra mais linda
nunca encontrei.
São águas claras sempre cantando,
Verdes colinas, alvor de areia,
Brancas ermidas, fontes chorando
Na tremulina da lua cheia…
É funda a
mágoa que me exaspera,
Negra a
saudade que me devora…
Anos
inteiros sem primavera,
Manhãs
escuras sem luz de aurora!
Ó meus amigos, quando eu morrer
Levai meu corpo despedaçado,
Para que eu possa, já sem sofrer,
Dormir na Morte mais descansado.
Olhos
daquela que eu estremeço,
Se de tão
longe pudésseis ver-me!
Olhos
divinos que eu nunca esqueço,
Morro de
frio, vinde aquecer-me…
SILÊNCIO
Longos dias sem luz, sem horizontes claros,
Tardes setentrionais dum silêncio sem fim…
E esses olhos do Sul a brilhar como faros,
Mas suspensos do azul, muito longe de mim!
……..

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Portas

QUEM NÃO O CONHECER QUE O COMPRE


A política espectáculo em que Paulo Portas é exímio, aliando
desfaçatez e demagogia barata, com boné ou sem boné, foi mais uma vez
posta em prática, em entrevista ao JN, onde acusa o PSD de ser um
partido de caciques, ao mesmo tempo que se propõe parasitá-lo de novo.


Pesem os custos que todos suportámos, muita gente se divertiu
à grande com as hilariantes figuras de Portas ministro, de que recordo
ter aproveitado para residir num forte militar;
Ter vindo a Ponte de Lima, a pretexto de nada, impor a ministerial
figura a um homem que tinha ofendido, só porque, quando teve que
decidir entre os interesses do país e do Concelho que presidia e a
politiquice partidária, escolheu os primeiros;
Ter justificado a escolha de uma Secretária de Estado da sua simpatia
política, argumentando que ser filha e neta de generais a qualificava
para o cargo;
Ter impedido de atracar na Figueira um barco estrangeiro, de que
resultou uma condenação para o país;
Ter provocado, ao Secretário da Defesa de Bush, quando cá veio à
procura de cúmplices para o crime da invasão do Iraque, uma gargalhada
de comiseração, quando teve a modéstia, perante as câmaras da TV, de
comparar à do americano a sua própria carreira, enfim, um nunca mais
acabar de cenas caricatas, em que só faltou vê-lo fardado de marechal
numa parada militar…


GÓRGIAS

sábado, 5 de fevereiro de 2011

economicidas

ESTAMOS FARTOS DE ECONOMICIDAS


É impressionante a quantidade de economistas que rezam pela vinda do
famigerado FMI, segundo dão a entender, para evitar que o país
continue a deixar avolumar os problemas…

Como se os sacrifícios que vimos fazendo ainda fossem a brincar, acabo
de ler um professor de economia afirmar que a vinda daquela
organização apenas nos vai obrigar a fazer o que andamos a fingir que
fazemos!

O saudoso João Carreira Bom chamou-lhes economicidas, e a ideia com
que ficamos, de tanto génio da economia, cada um se esforçando por ser
mais catastrofista do que o outro, é que não é desse lado que nos virá
a salvação, e que quanto mais falarem mais agravam os problemas.

De facto, a denodada luta de tanto sábio, em nos querer impingir
soluções ao desbarato, remete-me para a lei da gravidade de Fulton
(leis de Murphy): "o esforço dispendido para apanhar algo em queda
livre causa mais destruição do que deixá-lo cair a pique"…


GÓRGIAS