quinta-feira, 28 de abril de 2011

SUBMARINOS

ESTES POLÍTICOS QUE NOS TRAMAM E CANSAM
Quando Paulo Portas e a sua equipa nos contemplou com os famigerados
submarinos, o seu primeiro-ministro clamava no Parlamento que o país
estava de tanga. Agora que, acerca dessa compra, sabemos coisas nada
condizentes com o rigor, transparência e competência que vem pregando,
como quer que o não vejamos entre os que desacreditam a classe
política ?

No momento em que se lhes perspectiva o regresso, é bom lembrar que
foi há meia dúzia de anos apenas que negócios como o referido, e
outros nada ortodoxos, tiveram lugar, no curto período em que lhes foi
permitido ocupar cargos de governação, não sendo descoco imaginar as
tranquibérnias que se seguiriam se lhes tivessem dado mais tempo…

domingo, 17 de abril de 2011

CRIMINOSOS

HÁ MÃO CRIMINOSA EM MUITO MAIS


Lê-se no JN que há mão criminosa na maior parte dos incêndios que, ano
após ano, nos deixam ainda mais pobres e isto é um dado há muito
adquirido.


Infelizmente, não é só nos incêndios; há mão criminosa em quase tudo
aquilo que está na origem da situação em que nos encontramos, a
começar no regabofe escandaloso que se seguiu à entrada dos primeiros
milhares de milhões comunitários, cujo destino original era bem claro:
ajudar o país a preparar o futuro.


Ao contrário de outros povos, regularmente assolados por catástrofes
demolidoras, estamos aqui num cantinho que tem sido poupado a
tragédias dessa magnitude, devendo-se mais à nossa própria incúria o
que às vezes acontece para além do normal.

Temos tudo para dar certo, mas andamos enleados naquela teia urdida
pelo chico esperto ao burgesso, com este anestesiado porque, segundo o
prof. José Gil, para o burgesso português há sempre outro mais
burgesso do que ele…


GÓRGIAS

ASNEIRAS

NADA SE APRENDE FALANDO DE MAIS


Não recordo onde li que o ser humano demora dois anos para aprender a
falar e a vida inteira para aprender a estar calado. E como adoramos
dizer coisas, obviamente produzimos muita asneira.


Quem ouve os programas de "antena aberta" das rádios e televisões fica
"esclarecido" das razões da nossa desgraça: são sempre os outros os
ladrões, incompetentes e desonestos, nós não temos a menor culpa do
que nos acontece .

E é assim em tudo, estando para aparecer alguém a reconhecer que está
mal porque não soube gerir a sua vida, como ficou evidente um dia
destes numa televisão, onde mais uma família em dificuldades chorava a
sua desdita mas nem uma só vez lamentou ter esbanjado sem pensar no
futuro.


O filho, universitário, afirmou ter participado nas recentes
manifestações, "para exigir os nossos direitos". Mas, no afã de
reivindicar direitos, nem lhe ocorre que também há deveres. E, no
decorrer da conversa, lamentou o sacrifício dos pais para que ele não
passasse "privacidades"…


GÓRGIAS

ALDRABÕES

POR ONDE ANDA A POESIA ?


Naqueles dias românticos da "revolução dos cravos" era a cantiga a
preceito que animava as multidões por uma vida com futuro; nestes
negregados tempos são palavrões o que apetece, quando raras figuras
que nos mereciam respeito se deixam embalar pela música inquinada da
vulgaridade geral, dão o dito por não dito e renegam os princípios que
eram sua bandeira!


Já houve um caso similar ao que hoje nos interpela, com respeitado
académico animado a combater a porcaria reinante. Mas, quando amargava
a derrota, caiu no laço de um pândego, que imitou na perfeição a voz
do vencedor, e aceitou "com muita honra" um falso lugar de ministro…


GÓRGIAS

NOBEL

NÃO PREMIADOS COM O NOBEL


Excelente a forma como Vera Monteiro apresenta a notável selecção de
autores que o Público põe à disposição dos leitores.
Quanto ao que pesa na escolha de uns e não de outros para o Nobel,
parece-me que o sr, Espmark, dada a sua posição, não poderá dizer
coisa muito diferente…

Numa ficção com larga margem de verosimilhança, Irving Wallace, depois
de quinze anos de pesquisas, publicou, há mais de cinquenta anos, "O
PRÉMIO" , que trata justamente os meandros do prémio Nobel.
Fazendo parte do comité de recepção aos laureados, o personagem conde
Bertil jacobsson, a pedido de alguns, explica como se chega à
conclusão de que é este e não aquele o merecedor do prémio.
Muita gente acredita – diz- que os laureados são uma espécie de
semideuses e que a ordem para os premiar vem lá do alto, mas nem os
prémios são concedidos por decreto divino nem os juízes que os
atribuem têm sabedoria superior.
São gente conhecedora, sim, mas não deixam de ser mortais, com
preconceitos, preferências e aversões, suas manias e vaidades. E
explica que a não atribuição do prémio a Zola se deveu ao facto de
Alfred Nobel não gostar do que ele escrevia. E como o patrono tinha
morrido havia pouco, não teve a Academia coragem, além de que não
possuíam grandes conhecimentos de literatura.

Tolstoi, numa primeira fase, não teve ninguém a propô-lo. Mais tarde,
foi a sua crítica aos prémios literários e o fanatismo religioso que
deram argumentos para que o não premiassem.
É que a vida particular e crenças pessoais, diz jacobsson, prejudicam
os candidatos, como aconteceu com André Gide, homossexual assumido,
que esperou muitos anos até que o preconceito abrandasse. Também
Benedetto Croce, antifascista que odiava Mussolini, acabou por ser
preterido em favor de Luigi Pirendello, suspeitando-se de pressões do
ditador.

GÓRGIAS