segunda-feira, 7 de maio de 2012

ESCRAVOS PASSANDO POR HOMENS LIVRES


No belo conto de Óscar Wilde, "Os sonhos do jovem rei", da "Biblioteca
de Verão" JN, o futuro rei tem um sonho no qual se vê numa tecelagem,
em diálogo com o homem que lhe fabricava os trajes que usaria na
coroação, em que o argumentário do operário continua válido hoje,
desmascarando a desfaçatez de muita impostura…


Quando ouve o rei afirmar-lhe que o país é livre e que ele não é
escravo de ninguém, o operário responde que, na guerra, os fortes
submetem os fracos à escravatura; em tempo de paz, os ricos reduzem os
pobres à servidão, pagando salários tão miseráveis que os deixam
morrer.


E enquanto o trabalhador pena, amassando as uvas para outros beberem o
vinho, semeando o trigo mas continuando de arcas vazias, vendo os
filhos enfraquecerem e adoecerem, o rico vai acumulando ouro. Embora
não se vejam, os trabalhadores continuam arrastando grossas correntes,
não sendo mais do que escravos passando por homens livres!


GÓRGIAS
VISTA-SE DE SACO E APRESENTE-SE


Nos primórdios do cristianismo, tocados pelos sérios avisos de
veneráveis profetas, alguns notáveis pecadores decidiam despojar-se da
luxuosa indumentária e vestir-se de saco, procurando assim redimir-se
da indignidade em que viviam; outros, porém, escolhiam cortar a cabeça
aos profetas.


Saída do nefasto alfobre de personagens que tantos malefícios causou
ao país, a figura que agora nos enche os noticiários, acusada de crime
arrepiante, só surpreenderá os distraídos, dada a tendência que há
muito lhe foi detectada e para a qual a política lhe deu a sensação de
invulnerabilidade; só que esta, como à de Aquiles, há sempre um
calcanhar que a trai…


E outros há, da mesma fornada, que continuam a cantar de galo e a
ofender, com a sua facúndia, a nossa inteligência, mas ficando claro
que se sentem como aquele sujeito que, acusado de roubo e perseguido
pela multidão, decide gritar com ela "agarra que é ladrão"!


GÓRGIAS
COMO LIMALHA EM REDOR DO IMAN


O famoso bailarino russo Rudolf Nureyev disse um dia que grande
bailarino não é aquele que executa com elegância o salto mais difícil,
mas o que consegue dar arte ao passo mais vulgar, mas não parece que
haja nos artistas da nossa governação alguém desta craveira.


Já exímio na prática de que a verdade de qualquer declaração política
nada tem a ver com a sua credibilidade e vice-versa, o chefe do
Governo faz por esquecer o que disse num evento da jota do seu
partido, antes das eleições, de que não estivessem a contar com
lugares no aparelho do Estado, porque não iriam imitar o PS .


Sendo sabido que, seja qual for o quadrante, os vencedores de eleições
se vêem rodeados de caçadores de sinecuras como limalha atraída pelo
íman, é de temer que o meio milhar de "bafejados" que o JN nos mostra
seja apenas o início do regabofe que iremos pagar, já que nem três
meses são passados desde que tomaram pose…


GÓRGIAS
TAL QUAL AGÊNCIAS DE NOTAÇÃO


Sendo mais que sabido que o capital não tem pátria, o que me causaria
estranheza, e até desconfiança, seria ver alguém com o perfil do
enfatuado líder desse grupo, que agora se junta àqueles que há muito
se borrifam para nós, fazer algo que pudesse merecer o elogio de
"patriótico", já que não se tem dispensado de, implicitamente, nos
atirar à cara que não precisa de nós para nada, que lá fora é que é
bem recebido e melhor tratado.


Diz-se que o primeiro-ministro não comenta. Pudera! Como se não
estivesse ainda fresco na memória de todos a "elevação" com que este
empresário, figura de pouco interesse mas com grandes interesses,
tratou o então chefe do Governo e, logo de seguida, foi visto
"abrilhantando" um evento promovido pelo actual PM…


Naquela linha de pensamento de que é na desgraça que a gente sabe
verdadeiramente quem é, há quem faça apelo ao brio do cidadão
consumidor, que somos todos, no sentido de passar ao largo das lojas
do grupo em questão. E seria bonito de se ver, se não fôssemos tão
rotineiros, uma demonstração de que o consumidor conhece o real poder
que possui; mas não só isto não é assim tão linear, como os primeiros
prejudicados seriam os trabalhadores. É que estas boas almas usam a
mesma filosofia das agências de notação: se um país, uma instituição,
o que for, já está com água pela barba, dão-lhe na cabeça, para que se
afogue mesmo!


GÓRGIAS
O MUITO DE POUCOS DÁ POUCO…


O rebate de consciência de alguns ricos notáveis, de que não é
admissível continuarem a ser mimados pelos governos, no que aos
impostos diz respeito, vai certamente valer-lhes o ódio de muitos,
mais habituados a fazer exigências do que a colaborar com os
governantes.


Fazendo axioma da frase "o pouco de muitos dá muito; o muito de poucos
dá pouco", muitos capitalistas vivem convencidos de que nada devem à
sociedade, antes pelo contrário, todas as honras lhes são devidas,
mesmo quando não hesitam em semear a fome à sua volta, despedindo a
eito, se alguma conjuntura mais complexa lhes ameaça redução nos
lucros.


Esta casta de patrões treme sempre que ouve falar em justiça social,
porque o que realmente os faz felizes é poder dispor de muitos braços
de espinha dobrada e boina na mão, sempre dóceis para todo o serviço,
mandando às malvas vocações e qualificações…


GÓRGIAS
O MAIOR JUGO SÃO OS IMODERADOS TRIBUTOS


No sermão de Santo António, pregado em 1642, dizia o padre António Vieira:
"A costa de que se havia de formar Eva, tirou-a Deus a Adão dormindo,
para mostrar quão dificultosamente se tira aos homens, e com quanta
suavidade se deve tirar, ainda o que é para seu proveito.


Com tanta suavidade como isto se há-de tirar aos homens o que é
necessário para sua conservação. Se é necessário para conservação da
Pátria, tire-se a carne, tire-se o sangue, tire-se os ossos, que assim
é razão que seja; mas tire-se com tal modo, com tal suavidade, que os
homens não o sintam, nem quase o vejam.


Assim aconteceu aos bem governados vassalos do imperador Teodorico,
dos quais dizia ele: "Eu sei que há tributos, porque vejo as minhas
rendas acrescentadas; vós não sabeis se os há, porque não sentis as
vossas diminuídas" ."


GÓRGIAS
DIFÍCIL ENTENDER UM ARTISTA VIOLENTO


Tenho acompanhado os relatos do julgamento de Paco Bandeira, acusado
de violência doméstica, e interrogo-me como é possível que um artista
tão admirado possa ser capaz de tais actos.


Difícil entender que aquele senhor, aparentemente afável, autor e
intérprete de grandes sucessos musicais, se vulgarize ao ponto de
cometer tão cobardes agressões contra a companheira, de quem tem uma
menina adolescente, que deverá ficar também gravemente afectada.


Tanto quanto julgo saber, este homem foi combatente na guerra
colonial; sendo sabido que muitos ex-combatentes nunca superaram esse
desgraçado stresse de guerra, pergunto-me se este infeliz não será
mais uma daquelas vítimas…


GÓRGIAS
AINDA QUE FALE VERDADE…


Alguns políticos ainda se melindram quando ouvem do povo alguém dizer,
no sentido pejorativo, que são todos iguais; e é verdade que não são
todos iguais, porque certos há que são muito piores do que outros.


No meu tempo de escola primária havia um livro, não recordo de que
ano, que contava uma história que pretendia alertar para os malefícios
da mentira, terminando assim: "Coitado do mentiroso, mente uma vez,
mente sempre; ainda que fale verdade, todos dirão que é mentira.


Realmente chocante que, em tão pouco tempo, o chefe do Governo tenha
contrariado tudo quanto afirmou, com veemência, em campanha eleitoral.
E como o tempo não perdoa o que se tenta fazer sem ele e sem verdade,
uma tal forma de governar só pode estar votada ao mais completo
fracasso!


GÓRGIAS
ATURAR DOIS MENEZES É OVERDOSE


Na meteórica passagem de Luís Filipe Menezes pela liderança do seu
partido, da edificante doutrina que então produziu, sobressaiu a
tirada em que proclamava que os lugares no Estado deveriam ser
distribuídos pelos dois maiores partidos. Mas isto foi na Oposição;
agora, que chegaram ao Governo, anda contente como um grilo, porque
"eles comem tudo e não deixam nada" .


Mas, como se um Menezes ainda fosse pouco, já há continuador; e se as
bojardas do pai já eram dose, pai e filho juntos é overdose. É que
estes social-democratas gostam de citar, para compor o discurso,
aquela frase de um dos pais fundadores e líder carismático, quando
disse que a política sem ética é uma vergonha, mas a ética, para eles,
não passa de uma falsa beata que desprezam soberanamente.


Com as desgraçadas políticas que vêm patrocinando, em que aos
pensionistas com escassas centenas de euros é roubado o pouco com que
contavam para medicamentos e comida; ao mesmo tempo que alguns ganham
milhões, muitos ganham tostões e grande parte não ganha nada, a
miséria que se instala vem tendo como reflexo um assustador incremento
da criminalidade. Mas, para Menezes filho, "pode haver sensação de
insegurança, mas não creio que seja verdade" !


GÓRGIAS
MELROS EM RELATIVO SOSSEGO…


A decisão do secretário de Estado Daniel Campelo, de anular a portaria
da caça ao melro, é uma boa notícia. Só foi pena que, até por ser ele
mesmo caçador, tenha deixado a ideia de o ter feito mais por aquela
espécie não interessar aos caçadores do que para preservá-la da mesma
barbárie que tem dizimado as rolas…


O argumento dos estragos na agricultura, que terá estado na origem da
autorização agora revogada, é risível quando confrontado com a
realidade, porque um garrano, um javali, de cada vez que invade uma
cultura causa mais destruição que os melros todos num ano inteiro.


Mas é triste verificar que é nas zonas rurais onde estas aves têm a
sobrevivência mais dificultada, porque muitas pessoas, gostando embora
de as ouvir cantar, não se conformam que sejam elas a provar as
primeiras cerejas e figos maduros, "vingando-se" na destruição de
grande quantidade de ninhos, quer deliberadamente quer por
insensibilidade com as aves em geral, desbastando sebes e silvados na
época da reprodução.


GÓRGIAS
MAIS UM QUE DESCOBRIU A PÓLVORA


A esperteza saloia do ministro Mota Soares, de querer encafuar vários
idosos no mesmo quarto, é tanto mais arrepiante quanto estende essa
"largueza de vistas" aos privados, como se estes precisassem dessa
abertura para manter seres humanos como sardinha em lata…


Desde sempre ouvimos falar que os lares de terceira idade em Portugal
não passam de armazéns de velhos; com o pretexto de abrir mais vagas
para os milhares que há em lista de espera, opta-se por medidas que
não observam nenhum dos padrões por que se mede o respeito pela
dignidade humana.


Desgraçadamente, ao ritmo a que, nos últimos tempos, vêm morrendo
idosos neste tão castigado país, não tardará muito em haver vagas de
sobra.


GÓRGIAS
ESCROQUES À RÉDEA LARGA


A questão parece simples mas, neste paraíso de burlões, apresenta-se
extremamente complicada: um sujeito que se serve, abusivamente, de uma
criança a necessitar de ajuda angaria, em seu nome, 30 mil €, tem o
desplante de entregar aos pais cento e poucos daqueles euros, pode
andar por aí à solta ?


A realidade mostra que não só é possível como até procura exibir-se em
eventos do "jet set", como há pouco foi reportado no JN, em que a
repugnante figura tentou entrar de "penetra" na festa que uma
conhecida "relações públicas" do Porto deu em Ofir.


Sendo sabido que, como diz o reverendo Lino Maia, casos destes medram
por todo o lado, como a Justiça do Estado se mostra impotente para
resolver, pergunto-me, por bárbaro que possa parecer, se não
mereceriam que se lhes aplicasse a ancestral "justiça" de Fafe…


GÓRGIAS

domingo, 6 de maio de 2012

HOMENS DEMASIADO COMUNS


Quando Marcelo Caetano assumiu o cargo de presidente do conselho, na
sequência da incapacidade de Salazar, sobressaiu do discurso de posse,
atentamente ouvido por muitos, que o país se habituara, por décadas, a
ser governado por um homem de génio, tendo chegado o momento de se
resignar a ser governado por homens comuns.


Quanto ao génio daquele outro senhor, a situação em que nos
encontrávamos, em parâmetros como mortalidade infantil e saúde em
geral, nível de escolaridade, habitabilidade das casas e segurança
social julgo serem suficientes para o avaliar, pesando a situação
actual largamente a favor do regime democrático que se tem vindo a
consolidar.


Mas é inegável que se génios tem havido, cá dentro e lá fora, serão
apenas génios do mal, capazes das mais demoníacas atitudes em prejuízo
da dignidade dos povos, sendo infelizmente demasiado comuns aqueles
que detêm o poder de mudar o mundo para melhor.


GÓRGIAS
QUANTA MUDANÇA, DESDE AMADIS DE GAULA


"Duas coisas há nos homens que os costumam fazer roncadores, que são o
saber e o poder", dizia o padre António Vieira.
Que o novo director do CCB, como cidadão e homem da cultura, não
concorde com as regras do novo acordo ortográfico, estará no seu pleno
direito; tendo aceitado um cargo de responsabilidade num organismo
tutelado pelo Estado, que não tem poder para fazer retroceder o
acordado, demonstra uma arrogância que nem o estatuto de "saber" até
hoje granjeado poderá sustentar.


"Os grandes escritores têm a sua língua; os pequenos a sua gramática",
disse não me lembro quem… E se não se pode considerar Vasco Graça
Moura um "pequeno" no mundo das letras, espadeirar contra esta mudança
coloca a sua luta ao nível do quixotesco.


Desde o linguajar dos primórdios da nacionalidade até hoje, quantas
alterações não sofreu já o Português, sendo esta apenas mais uma, a
que outras se seguirão, se calhar ainda antes de nos termos habituado
à última…


GÓRGIAS
DAI-NOS, SENHOR, LÍDERES INSPIRADORES


Fisicamente alentado, mas lento de raciocínio, Gilinho vivia com uma
irmã, que o "aproveitava" nos trabalhos agrícolas em troca de
protecção. Quando se aborrecia com o mandão do cunhado, se este lhe
ordenava que apanhasse dois feixes de erva, Gilinho apanhava quatro;
se o mandava comer duas tigelas de caldo, comia uma. E parece ser
também assim que procede, perante a famigerada troika, este Governo
que nos aflige…


Como poderemos levar a sério tal governação, se nos quer impingir de
novo a treta dos "bons alunos", sabendo bem a desgraça a que tal
servilismo nos levou, quando até o "bom aluno" mor se deu conta,
embora tarde de mais, do grave erro cometido, descobrindo agora como
seria importante termos pesca e agricultura mais capazes de prover à
nossa subsistência…


Como a pior consequência da escravidão é a que leva o escravo a
interiorizar o dominador, não baixemos a guarda perante gente que
considera ter capacidade para pagar as imoderadas taxas de saúde que
aí vêm um agregado com rendimento de seiscentos e poucos euros, sem
levar sequer em conta as bocas que daquele montante possam depender!


GÓRGIAS
QUE TRISTE EXEMPLO, SENHOR MINISTRO


Uma das causas que, de há muito, é responsável pelo nosso marcar passo
é o novo poder não ser capaz de digerir o que foi feito pelos
anteriores; seja bom ou mau, acham sempre tudo muito mau, pelo que o
melhor será demolir e recomeçar, como acaba de ficar demonstrado por
mais uma decisão, esta de negar aos alunos premiados o montante que
lhes é devido e já vencido.


A mensagem que um tal comportamento passa para os jovens é uma coisa
bem triste, já que lhes é dito, pelo exemplo, que os compromissos
poderão ou não ser cumpridos, conforme melhor lhes convier…


Alguém disse um dia que para problemas complexos há sempre respostas
simples, fáceis de compreender e erradas; rezo para estar enganado,
mas é de recear que grande número das decisões que vêm sendo tomadas
se encaixem nessa afirmação, com cada um pretendendo exaltar-se à sua
maneira, mas não fazendo mais que criar novos problemas.



GÓRGIAS
COMO ELES SE GOVERNAM…


Do numeroso grupo de figurões que agora se alapa nos fofos cadeirões
da EDP, sobressaem dois ex-ministros, Justiça e Finanças, que, para
além de terem acrescentado ao currículo, em proveito próprio, ninguém
sabe o que possam ter feito de útil pelo país.


Diz-se, do senhor de cabelos brancos, que irá auferir a simpática soma
de cinquenta mil euros mensais, coisa que, dizem alguns cândidos, não
é da nossa conta, dado tratar-se de uma empresa privada… O tanas !
Não podendo o cidadão escolher o fornecedor de energia, tão obscena
maquia é-nos tirada do bolso.


De facto, sendo os reguladores a que temos direito pouco mais que
brincadeira, os gestores de tal monopólio podem desfrutar, à
tripa-forra, de uma inesgotável mina de ouro. Veja-se este exemplo: a
alguém que excedeu, por escassas oito horas, o prazo de pagamento de
58 euros foi-lhe cobrado, de mora, 1,25 ; se imaginarmos que para aí
metade dos muitos milhões de clientes "forçados" da EDP se possam
atrasar um dia ou dois, calcule-se o balúrdio que, só por esta via, lá
vai parar…



GÓRGIAS
A "GENTALHA DE ESQUERDA" E A CRISE


Um desses fulanos ávidos de notoriedade, mas incapazes de alcançá-la
de forma meritória, decidiu tentar a sorte à força de bacoradas,
apostrofando quem não se ajusta ao seu formatado padrão mental,
chegando ao requinte de justificar que não quis ofender partidos,
referia-se apenas a pessoas que, rejeitando enquadrar-se, recusam
também aceitar docilmente que seja quem for lhes ponha a pata em cima.


Qualquer pessoa com dois centímetros cúbicos de cérebro, e
medianamente informada, sabe que aqueles a quem este sujeito trata mal
têm zero responsabilidades na situação do país, dado ficarem a
infinita distância dos mecanismos que podem modificar as coisas; mas
seria interessante ouvir do dito cujo se consegue vislumbrar na
malandragem de alto coturno que, por todo o lado, vem pondo os povos
na penúria, seja o que for de esquerda…


Sendo desde sempre sabido que são os verdadeiros produtores da riqueza
quem menos beneficia dela, e são sempre os primeiros a ser chamados a
sacrifícios, vai ser preciso estômago e coragem para enfrentar os
arrivistas que se desunham por um lugar à sombra dos grandes
traficantes de interesses que assolam a humanidade. Ocorre-me a
malograda Janis Joplin: "Não te vendas; tu és o que tens de mais
valioso"!


GÓRGIAS
SANHA PERSECUTÓRIA DOENTIA



Tendo convidado Diógenes para sua casa, um rico de Corinto advertiu-o
para que não cuspisse no chão, que estava limpo; o filósofo, que
habitava num barril, cuspiu-lhe na cara, justificando que, realmente,
era a única coisa suja que ali via…


A sanha persecutória com que, volta e meia, os mesmos de sempre se
comprazem em achincalhar aqueles a quem foi permitido valorizar-se com
as "novas oportunidades", anda mesmo a pedir um Diógenes, já que não
se vislumbra, em tais críticas, uma centelha de grandeza; apenas
ciumeira doentia, inveja, mesquinhez e clubite partidária.


Com a nossa entrada na UE, então CEE, foram delapidados, logo a
seguir, muitos milhões em pseudo-cursos de formação, que mais não
serviram que para encher os bolsos de oportunistas sem escrúpulos, mas
foram os próprios formandos a denunciar as fraudes, o que não acontece
no caso em apreço, em que se tem visto os que receberam diploma de
valorização magoados pelos inacreditáveis ataques e apoucamento do seu
esforço.


GÓRGIAS
"POBRE E EM REDUZIDA QUANTIDADE"


O que se lê no JN, acerca do que comem as crianças, nas escolas, é
assunto muito sério. E o que parece ficar claro, na reportada
situação, é que as empresas do ramo, para ganhar o concurso, "esmagam"
até ao impraticável, confiando que as crianças tudo engulam…Mas aquilo
que nos é mostrado mais parece daqueles concursos em que os chefs
exibem a sua criatividade, com um "nico" de comida no meio do prato e
umas pintinhas à volta.


Na verdade, é tão incomodativo um prato a transbordar como deprimente
o que se vê na foto. As crianças, pessoas em fase de crescimento e com
imensa actividade física e mental, têm necessidade de cuidados
alimentares que não se compadecem com os critérios de rentabilidade da
indústria da comida.


Oxalá não estejamos a regredir ao tempo em que comia quem tinha e
levava de casa, com professores confrontados com crianças mal vestidas
e subnutridas, havendo histórias como a do miúdo que se lamentava, ao
pai, por ser constrangido a dizer na escola que só comia sopa, ao que
o progenitor, pobre bem humorado, lhe mandou que, da próxima vez,
dissesse ao mestre que tinha comido lagosta; mas quando este,
desconfiado, quis saber se comera muita, o pobrezinho respondeu "três
tigelas" …



GÓRGIAS
A CADA PASSO A BARBÁRIE


O degradante espectáculo que o JN nos mostrou, de um cavalo que
agonizou até à morte amarrado na beira de uma estrada, dá só uma
pálida ideia das arrepiantes atrocidades infligidas a estes animais.


Vivendo em estado semi-selvagem, não só provocam acidentes, sobretudo
em estradas de montanha, de que acabam por ser também vítimas, como
são deliberadamente mutilados e abatidos a tiro por aqueles a quem
causam graves danos nos campos cultivados.


Mas como esperar que os campos verdejantes no fundo dos vales não
sejam apelo irresistível, se no alto dos montes, onde são largados, a
seca prolongada e a praga dos incêndios lhes roubam a comida ?


Desconheço o enquadramento legal, ou sequer se existe, para esta
situação, mas ele é imperioso para protecção das bestas e
ressarcimento dos prejuízos causados. De facto, sendo marca de
sociedade organizada a concomitância de direitos e deveres, percebe-se
mal que os garranos não transportem a identificação dos donos…


GÓRGIAS
AS PICARDIAS DO ESFARRAPADO AO ROTO


De um livrinho muito proveitoso que me foi oferecido, com o título
"Ágape", do padre brasileiro Marcelo Rossi, sirvo-me do exemplo da
mulher que passava parte do tempo observando, através da vidraça, a
vizinha da frente e, quando o marido chegava do trabalho, apontava-lhe
as roupas "sujas" estendidas na varanda, verberando o desleixo posto
na lavagem; cansado da maledicência da companheira, o bom do homem
recomendou-lhe que lavasse os vidros…


De facto, aquela santa alma conseguia ver sujidade nas roupas da
vizinha, do outro lado da rua, e não via a imundície em que tinha a
sua própria janela, através da qual fazia aquele juízo; e é uma coisa
assim parecida que vimos observando entre PSD e PS.


Como o "buraquinho" da Madeira lhes caiu em cima na pior altura, há no
PSD quem pareça rejubilar com os números acabados de sair do INE,
relativos à primeira metade do ano; do mesmo modo, para o PS, o
descalabro na Madeira aparece como tábua de salvação, e assim se
consolam arremessando uns aos outros as respectivas "medalhas". E o
povo é tido como se não passasse de uma multidão de amebas!


GÓRGIAS





.
DO DIZER AO FAZER HÁ MUITO QUE VER


O famoso ministro "Álvaro" é de uma tal fragilidade que nem consegue
defender os seus pontos de vista em linguagem escorreita, sem recorrer
a truques e remoques perfeitamente desconexos das questões com que é
confrontado.


De facto, a forma e o tom descabelado com que acusou o deputado
Agostinho Lopes de uma coisa que ninguém viu ele fazer; o pouco caso
com que abordou o trabalho reconhecidamente meritório prosseguido por
Basílio Horta, enquanto colaborador do anterior Governo, mostram-nos
um governante inchado de insuficiências.


O verdadeiro problema é que governar um país é difícil; governá-lo em
períodos de grande turbulência, como são os que agora vivemos, requer
homens de rija têmpera e muito competentes. Lia sempre, na
descontinuada NS, o artigo de Álvaro Santos Pereira e tenho a nítida
impressão de que ele, uma vez no Governo, depressa terá concluído que
"do dizer ao fazer há muito que ver" …


GÓRGIAS
LITERALMENTE ENTREGUES À BICHARADA



A informação que nos vai chegando, relativamente à EDP e concorrência,
parece-me tão absurda que custa a crer que não estejam a brincar, mais
uma vez, com a paciência das pessoas…


É que a ser verdade o que se lê e ouve, que, para obrigar os
consumidores a mudar de fornecedor, vão agravar os preços de três em
três meses, faz-me desconfiar que nos esteja a ser servida a mesma
patranha de concorrência que se verifica nos combustíveis.


Quando o que seria curial era ver as companhias que vão entrar no
mercado oferecer condições aliciantes para motivar as pessoas a mudar,
ameaçam-nos de forma inqualificável.


Já há sítios onde a distribuição da água, entregue a privados, faz o
cliente cometer o crime de abrir as torneiras directamente para o
esgoto porque, se não consumir o volume predeterminado, vê a factura
agravada.


E como assusta, Senhor, que a nossa terra possa estar a
transformar-se, a cada dia que passa, numa subespécie de Calábria, com
organizações sem rosto abocanhando tudo quanto é essencial no dia a
dia da gente!

GÓRGIAS
QUE TOLERÂNCIA PARA O INTOLERÁVEL ?


Quando alguém sugeriu a Paul Claudel mais tolerância, o diplomata e
escritor francês respondeu: "Tolerância? Há aí casas para isso!". E é
isto também que deve ser dito, por toda a Esquerda, ao orçamento que
está para ser discutido. E se é verdade que não impedirão a sua
aprovação, ao menos não darão à Direita o gozo de se lambuzar com
votos que não merece e não respeitará.


Ao tentar defender-se com o inesperado da crise que avassalou o mundo,
o chefe do anterior Governo ouvia dos adversários que um líder
político competente deve prever os acontecimentos, assim uma espécie
de bruxo; agora que detêm o poder, os que imaginam agir quando falam,
só sabem falar de buracos a mais buracos, para explicar as
malfeitorias que nos querem descarregar em cima.


Quando foi ministro das finanças, ao saudoso prof. Sousa Franco foi
perguntado se era verdade que havia um buraco nas contas herdadas,
como uma proeminente figura do Governo tinha deixado escapar; mas, a
esta questão, o respeitado professor foi igual a si mesmo: "Isso de
buracos é linguagem de mineiros e cavadores, não de políticos e muito
menos de finanças"!



GÓRGIAS

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

POBRE CLUBE COM TAIS DIRIGENTES

Sucedendo-se uns aos outros com demasiada frequência, conseguindo
sempre fazer pior que os anteriores, elevando a "masterpiece"da
filosofia do dirigismo desportivo uma célebre frase de Pimenta
Machado, as elites dirigentes do Sporting acabam de dar mais um golpe
na credibilidade do clube.

A gente ouve as primeiras notícias e fica na dúvida se Sá Pinto terá
sido convidado para chefe da segurança, para líder de uma claque, até
que se confirma que é mesmo o novo treinador do Sporting!

Foi a melhor decisão, diz um fanático. Sá Pinto é um grande
sportinguista e se for preciso dar um soco num jogador, dá e pronto;
tem a simpatia das claques, dizem os comentadores. Pudera! E só não se
entende como não tem ocupado nelas a função de um tal de "macaco"…

Diz certo fadista que um ex-ídolo do F.C.Porto não podia ganhar no
Sporting. Que enormidade! Que me lembre, desde António Oliveira,
passando por Fernando Gomes, até Mário Jardel, foi possível ver nomes
que, tendo sido grandes ídolos portistas, fizeram levantar multidões
em Alvalade.