domingo, 12 de dezembro de 2010

cavaquismo

SEGUNDO MANDATO PORQUE É COSTUME


Daqui a pouco tempo, segundo as sondagens, uma lúgubre "procissão de
defuntos" vai confirmar Cavaco Silva, o homem que, como
primeiro-ministro, tramou o nosso futuro.

Nesses tempos "dourados", em que grossa fatia dos milhares de milhões
de fundos comunitários, que vieram para nos desenvolver, foi
desencaminhada, não faltaram jornalistas lúcidos, analistas de
economia e política, a gritar bem alto que o rei ia nú, mas o homem,
impante nas suas certezas e maiorias absolutas, até se gabava de não
ler jornais .

Respigo uma amostra das denúncias então feitas, que, se fossem
compiladas em livro, dariam grossos volumes, para honra da Imprensa:


"A origem da riqueza de muita gente é um segredo de polichinelo. A
mexicanização das relações entre o sector privado e o poder político é
um dos grandes abastardamentos que ficarão a marcar o cavaquismo".
"Cavaco Silva é o chefe dos novos-ricos. Debilitada a Igreja e vencido
o comunismo, a origem do dinheiro deixou de ser problema, a ética
passou a tilintar no bolso, nesta liberdade de sermos descarados com o
que temos e não temos no banco, até ao descoberto final."
"As indústrias tradicionais agonizam ou já fecharam e o que surge em
seu lugar são bancos, seguradoras, empresas de serviços. Mas mais
importante do que a crise conjuntural, que o pacote Delors II poderá
minimizar, é a crise estrutural de uma Nação que, daqui a pouco,
olhará para si e verá que não produz nada."

Génio da banalidade o classificou um génio da literatura. Miguel
Torga, outra grande consciência moral, sabendo, nos últimos dias de
vida, do interesse do chefe do Governo em visitá-lo, mandou dizer que
"gente dessa não entra em minha casa".
Mas a populaça, que só vê as coisas pela rama, apesar de estar sempre
do lado que mais apanha, gosta mesmo de apanhar.

GORGIAS

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